Porque o Palmeiras venceu o clássico e foi superior em Itaquera
Uma análise tática do "novo" esquema de Osvaldo de Oliveira, que encerrou um jejum de dez jogos sem vitórias sobre o rival
O Palmeiras venceu o Corinthians por 2 a 0 na Arena de Itaquera, pelo Campeonato Brasileiro. Com autoridade e mais tranquilos em campo, os comandados de Osvaldo de Oliveira impuseram seu ritmo de jogo e findaram um jejum de dez jogos sem vencer o seu maior rival. O ultimo triunfo havia sido em agosto de 2011, em Presidente Prudente.
Durante a semana, o treinador palmeirense vinha sendo muito questionado sobra seu esquema tático: o 4-2-3-1. Na quinta feira, o treinador chegou a sugerir que o esquema seria mantido, uma vez que já "havia funcionado no Botafogo e Santos." No entanto, apesar da expectativa de diversos veículos que bancavam a volta de Rafael Marques à equipe como centro avante pela primeira vez no verdão, o treinador surpreendeu a todos.
Não só manteve Rafael fora da posição que o camisa 19 assumidamente não gosta de atuar, como alterou o esquema tático da equipe para um 4-1-2-3.
Ao contrário da expectativa, a função de referência no ataque ficou à cargo de Valdivia que atuou como um falso 9.
A imagem acima mostra a distribuição tática do Palmeiras em campo e o quanto a movimentação do triângulo de meio campo foi essencial para a vitória do verdão. O camisa 10 do Palmeiras ditou o ritmo da partida e com um deslocamento constante, confundiu e bagunçou a defesa do timão.
Nos dois gols palmeirenses, vemos que a movimentação do chileno foi crucial para a criação da jogada. No primeiro, ele recua e permite a entrada de Arouca na área que chama a marcação enquanto Rafael Marques entra livre às costas da zaga para receber o ótimo cruzamento de Kelvin e abrir o placar.
Já no segundo tento, Valdivia abre na direita e recebe um passe de cabeça de Zé Roberto, que entra na área para ocupar a posição do mago, receber o passe e ampliar a vantagem.
O camisa 11 palmeirense exaltou o novo posicionamento que teve em campo e explicou que este foi crucial para o segundo gol do verdão. "Acho que ajudei naquilo que foi preciso, e se eu tiver sequencia nessa posição, com certeza vão sair mais gols para que eu possa ajudar o Palmeiras. Foi oportunismo, mas só porque eu tenho facilidade de jogar como terceiro volante chegando de trás", afirmou.
O esquema de Osvaldo de Oliveira funcionou também defensivamente, porém com um outro plano tático. O time sem a posse de bola, marcava com os onze jogadores atrás da linha de passe corinthiana, o que obrigava os zagueiros do timão a fazerem chutões para o ataque, o que não resultava em chances de gol.
Corinthians sem opção de saída de bola
O time de Osvaldo se organizou em um esquema semelhante a um 4-2-4 e que encaixotou o meio de campo corinthiano. Sabendo que Ralf não consegue fazer a transição do time para o ataque, os palmeirenses se preocuparam em impedir o avanço dos laterais com Rafa Marques combatendo Fágner e Kelvin fazendo o mesmo com Fábio Santos.
O zagueiros Edu Dracena e Gil acabavam ficando com a bola e sem opção de passe, ao serem pressionados por Valdivia e Zé Roberto, rifavam a bola para frente. Romero, por não ser um centro avante de bom porte físico, não conseguia reter a bola nos chutões que logo acabavam nos pés da equipe alviverde novamente.
Mesmo após as mudanças de Tite, Corinthians não conseguia fazer a transição de bola
Na segunda etapa, o técnico Tite promoveu algumas mudanças na equipe. Fagner deu lugar à Edilson, Ralf saiu para a entrada de Mendoza e o talismã Danilo entrou no lugar de Petros.
Com as mudanças, o Corinthians até conseguiu maior presença no campo ofensivo e chegou a criar uma boa chance com Mendoza, mas as alterações não foram suficientes para sanar o principal problema da equipe: transição de bola entre defesa e ataque.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
O próximo jogo do timão acontece na quarta feira, às 22 horas contra o Grêmio em Porto Alegre.
Já o Palmeiras enfrenta o Internacional na próxima quinta feira, às 21 horas no Allianz Parque. Para este jogo, o técnico Osvaldo de Oliveira não poderá conta com Valdivia, já que o camisa 10 estará no início de sua preparação para a Copa América.
Resta saber se o 4-1-2-3 de Osvaldo será mantido ou não na ausência do chileno. Se a resposta for positiva, Osvaldo terá de encontrar uma peça para o lugar de seu camisa 10, Cleiton Xavier é uma das opções, mas a volta de Dudu com Rafa Marques sendo deslocado para a posição de falso 9 parece ser a mais provável.