Análise tática: Verdão atropela o Tricolor e goleia
Os méritos no 4 a 0 palmeirense que levaram à vitória do Verdão e os erros do tricolor que culminaram no vexame
O São Paulo começou melhor o jogo armado em um 4-1-4-1 (figura baixo), que parece ser o esquema preferido de Osório e apostando nas jogadas pelas laterais. Alexandre Pato chegou a acertar uma bola na trave em um chute de fora da área e Michel Bastos também teve uma oportunidade de finalizar, mas mandou longe do gol. Apesar da boa participação da dupla, a jogada pelos lados se restringia aos dois jogadores, já que Carlinhos e principalmente Bruno se preocupavam mais com a marcação de Dudu e Rafael Marques e pouco subiam ao ataque.
O Palmeiras se defendia armado em um 4-1-3-2 muito semelhante ao utilizado pela Seleção Brasileira no primeiro tempo da derrota frente ao Paraguai. O esquema encaixotava Paulo Henrique Ganso entre os volantes palmeirenses, fazendo com que o tricolor optasse por jogadas individuas pelas beiradas.
A movimentação de Robinho também foi essencial para a marcação alviverde, já que o meia apertava a saída de bola dos zagueiros são paulinos e concomitantemente voltava para preencher o meio de campo. Já quando recuperava a bola, o Palmeiras tinha facilidade para o contra ataque desde o início da partida, já que a marcação com linhas próximas, permitia que a equipe saísse em velocidade.
Quando tinha a bola nos pés, o Verdão passava para um 4-2-3-1 (figura abaixo) enquanto que o Tricolor espelhava o esquema de marcação alviverde, com o mesmo 4-1-3-2. Detalhe para o fato de Alexandre Pato não estar com Luis Fabiano na ultima linha de dois, onde na verdade estava PH Ganso. O Camisa 11 continuava aberto pela esquerda mesmo no sistema de marcação, tudo com o intuito de impedir o lateral Lucas de chegar à linha de fundo.
Robinho se movimentou muito em campo e abriu a defesa tricolor. Arouca marcava e ia bem no apoio
Novamente, a movimentação da dupla Arouca e Robinho era essencial. Enquanto o meia flutuava em campo, tendo liberdade para se aproximar da área e buscar o jogo, o camisa 5 avançava pelo meio, sendo sempre uma boa saída de jogo alviverde e atraindo a marcação. E foi justamente assim que o Palmeiras abriu o placar.
Repare que Arouca inicia a jogada no meio de campo tocando a bola para Dudu, que faz o passe para Egídio. Quando o lateral cruza a bola, Arouca já está dentro da área chamando a marcação, mesma movimentação de Robinho e que não vinha acontecendo nos últimos jogos. Leandro Pereira recebeu livre e com espaço para finalizar de primeira e o atacante ainda contou com o desvio da zaga para abrir o placar: Palmeiras 1 a 0.
Movimentação de Arouca e Robinho atraiu a marcação e foi essencial no lance
Na sequência, Victor Ramos ganhou de cabeça e acertou o travessão, mas na segunda chance ele não desperdiçou: Robinho bateu o escanteio e o camisa 3 mandou pra rede para ampliar a vantagem verde. O Tricolor sentiu o golpe e perdendo por 2 a 0 ainda teve mais uma chance com Michel Bastos, mas Fernando Prass fez boa defesa antes do fim da primeira etapa.
No segundo tempo, o São Paulo já não tinha mais o treinador Juan Carlos Osório, expulso no intervalo e, desorganizado, se lançou ao ataque. Era exatamente o que o rápido time de Marcelo Oliveira esperava para matar de vez a partida. Contra ataque após Carlinhos perder a jogada no campo ofensivo e não voltar na marcação. A bola chegou em Egídio que cruzou para Rafael Marques, livre na avenida deixada pelo lateral tricolor, fazer o terceiro. O detalhe do gol é que Leandro Pereira havia saído para ser atendido, e o Palmeiras tinha um jogador a menos em campo.
Carlinhos deixou um corredor atrás e Rafael Marques entrou sozinho. Verdão estava com um a menos no momento
Com o adversário já entregue, o Palmeiras não teve dificuldades para fazer o quarto gol em nova assistência de Egídio, dessa vez para Cristaldo, que havia entrado no lugar do machucado Leandro Pereira para dar números finais ao placar.
Do lado são paulino, Osório, das tribunas do Allianz Parque, já havia tirado Hudson para colocar Centurión e fez apenas mais uma mudança, trocou Alexandre Pato por Thiago Mendes. A atuação ruim pode indicar um erro na concepção tática tricolor, já que o posicionamento de Michel Bastos e Pato como meias pelos lados do campo não tem sido efetivo e deixa os dois melhores jogadores da equipe muito longe do gol.
Pelo lado verde, os méritos na goleada foram muitos, mas talvez o maior deles tenha sido a mudança no estilo de jogo. Pela primeira vez em todo o campeonato, o Palmeiras não teve a maioria da posse de bola, permitindo que o São Paulo tivesse a pelota por mais de 60% do tempo, o que não foi por acaso, Marcelo Oliveira sabia que, por sua equipe ter um bom toque de bola e muita velocidade na transição, poderia aproveitar os contra ataques que tivesse para vencer o jogo e assim o fez. De goleada, 4 a 0 pro Verdão.