O triunfo do melhor: Um título inevitável
O melhor ataque da história vence e o talento prevalece em uma final emocionante que cala críticos e dá voz a outros
A Juventus sabia bem o que tinha que fazer. Era necessário paciência enquanto o Barcelona tocava a bola de um lado para o outro, com quase 69% de posse de bola durante alguns momentos da partida e os bianconero precisavam de inteligência para aproveitar os 31% que lhe restavam e tentar criar chances de gol no contra-ataque.
No entanto, nem toda a tática do mundo pode deter o talento. Não que a Juve não o tenha, Tévez reencontrou seu futebol em Turin, Morata fez uma partida além da expectativa, Pogba e Vidal são dois dos maiores alvos do mercado europeu para esta janela, Bonucci se firma como um dos grandes zagueiros da Europa, Pirlo dispensa comentários e o elenco ainda tem muitas outras peças interessantes, mas o Barça, o Barça é quase imbatível.
Pirlo chora após a final em Berlim
Em apenas uma jogada que la vecchia signora falha dando algum espaço na marcação, por mínimo que seja, já é o bastante para Jordi Alba encontrar Iniesta na área e o craque colocar Rakitić em condições de inaugurar o placar. É difícil imaginarmos algum time ou seleção que possa encarar os culés de igual para igual, mas impossível pensar em uma equipe que os vença com tranquilidade. Nem mesmo a seleção da Alemanha, atual campeã do mundo, poderia "atropelar" o time de Luis Henrique, que depois de sofrer muito com as críticas no começo do ano, conseguiu unir sua equipe e fazê-los apresentar um grande futebol.
Um dos pontos mais atacados pela imprensa catalã e internacional era a falta de repetição de sua equipe. Neymar saindo de campo reclamando, Daniel Alves chutando o copo d'água ao ser substituído e Suárez descontente por ir para o banco foram cenas comuns no começo de temporada e que chegaram a abalar o entrosamento do time e a segurança de Luis Henrique no cargo. Após uma partida contra o Deportivo La Coruña, o jornal catalão "Sport" chegou a publicar uma matéria apontando que Neymar havia sido substituído em 9 das ultimas 16 partidas e defendia que o brasileiro deveria ter continuado em campo contra o Deportivo.
Nas ocasiões de reclamação de Suárez e Neymar e em diversas outras oportunidades, quem entrava em campo no lugar do uruguaio ou do brasileiro era Pedro. Luis Henrique sempre deixou claro quando questionado sobre seu trio de ataque, que na verdade se tratava de um quarteto, o espanhol Pedro era parte importante da equipe, o 12º jogador de Luis Henrique. A final de ontem provou que o treinador estava certo. Pedro entrou na partida para jogar menos de cinco minutos restantes, mas o tempo foi suficiente para o espanhol dar uma assistência para Neymar fazer o terceiro do Barça e fechar o jogo.
Luis Henrique sempre destacou a importância de Pedro para a equipe
Entretanto, os críticos tinham razão quanto a formação do elenco belgrano. Sempre foi dito pela imprensa que a equipe precisava de um camisa 9, Suárez chegou e melhorou os números de todo o ataque. Messi foi de 41 para 58 gols e Neymar de 15 para 39 tentos em comparação com a temporada passada e o tridente 'MSN' ainda alcançou outro recorde: bateu o ataque do Real Madrid de C. Ronaldo, Higuaín e Benzema como o melhor da história com 175 gols, contra "apenas" 120 dos merengues.
Trio 'MSN' quebrou recordes neste temporada
O brasileiro também quebrou recordes individuais. Calando todos aqueles que depreciavam suas atitudes ou futebol, o brasileiro se tornou artilheiro da Champions, com 10 gols, igualando ninguém menos que Messi e Cristiano Ronaldo. Mais do que isso, Neymar entra para um seletíssimo grupo: o de jogadores que conquistaram a Libertadores e a Champions. Somente oito haviam conseguido anteriormente: Sorín, Solari, Dida, Roque Júnior, Cafu, Tevez, Samuel e Ronaldinho. Nenhum deles, contudo, conseguiu marcar gols nas duas finais como o camisa 11, que anotou na vitória do Santos sobre o Peñarol em 2011. Crespo quase conseguiu o feito quando atuava no Milan, mas viu o título da Champions escapar nos pênaltis contra o Liverpool.
Neymar é o único brasileiro a fazer gol em final de Champions e Libertadores
Pelo lado da Juve, o clube está ciente da possibilidade de perder jogadores importantes, mas com um elenco forte e seu estádio novo, quer se firmar novamente entre os grandes da Europa e o futuro parece promissor. Perder uma final de Champions para este Barça, que alguns já chamam de o melhor time da história, não é nenhum demérito, especialmente para um time que foi rebaixado em 2006 envolvido em um escândalo de manipulação de resultados. Tevez pode voltar ao Boca ou aceitar proposta milionária do Atlético de Madrid para ser treinado por Simeone, Pogba e Vidal são alvos dos milionários europeus e Pirlo pode sair, mas Dybala, Khedira, Oscar, Naingdolan e Witsel são alguns dos nomes especulados em Turim.