Sánchez e Téo Gutiérrez? Ótimos! Mas com que dinheiro?
Corinthians busca dupla do River Plate que pode chegar após a Copa América. Entretanto, timão deve à construtora e tenta transformar ídolos em vilões
O Corinthians tem interesse na contratação de dois jogadores do River Plate: o atacante colombiano Téo Gutiérrez e o meia direita uruguaio Carlos Sánchez. A informação foi confirmada pelo presidente corinthiano Roberto de Andrade, que agora aguarda o fim da Copa América para tentar avançar nas negociações pela dupla. O que o dirigente do Timão não esclareceu é como o clube pretende pagar pelos jogadores, uma vez que deve direitos de imagem a todo o elenco, tem sua renda de bilheteria e cotas de televisão comprometidas e agora tenta se desvencilhar de seus maiores jogadores por causa de salários.
Téo e Sánchez tem 30 anos e estão no Chile para a disputa da Copa América com as seleções da Colômbia. O jogador tem ótimos números nesta temporada, com a marca de 19 gols e 4 assistências em 36 jogos pela camisa do River e está avaliado em R$ 10,5 milhões. Carlos Sánchez também tem 30 anos, mas números mais modestos, foram 11 gols e 7 assistências em 43 jogos nesta temporada e o uruguaio está avaliado em R$ 8,5 milhões. Além da Copa América, a dupla pode se valorizar ainda mais, já que o River está nas semifinais da Libertadores.
Téo Gutiérrez e Carlos Sánchez interessam ao Timão
Somados, os dois jogadores valem quase R$ 20 milhões e soa no mínimo estranho que sejam cogitados por um clube que passa por problemas financeiros tão graves. O Corinthians adiantou R$ 70 milhões de cotas de TV de 2015 no ano passado e fechou com a Odebrecht o pior acordo dentre todas as arenas construídas durante o período da Copa do Mundo: o Timão tem 15 anos para pagar pelo estádio, sendo 3 deles de carência e o valor já chega a mais de R$ 1 bilhão, aliado a isso, toda a renda de bilheteria arrecadada com o estádio vai diretamente para o fundo criado para a dívida.
O acordo foi claramente muito mal estudado e negociado pela equipe alvinegra, que contava com R$400 milhões do BNDS, R$300 milhões de incentivos fiscais da prefeitura, prometidos pela administração Kassab e outros R$350 milhões arrecadado com naming rights o que faria com que o estádio custasse "praticamente zero" para o Timão. Porém, o recurso do BNDS foi negado após a realização da Copa e a administração Haddad na prefeitura de São Paulo, também barrou os incentivos fiscais destinados à obra. Já o naming rights era motivo de orgulho para Andrés Sánchez, que afirmava de boca cheia o quão perto estava o acordo com a companhia aérea Fly Emirates, talvez sem saber que a Emirates realiza apenas um voo diário para São Paulo, muito pouco para tamanho investimento.
Outro ponto mal conduzido pelo time de Parque São Jorge é a administração da Arena, uma vez que o Corinthians é responsável direto pela manutenção do estádio que gera custos mensais de mais de R$1 milhão e sem render nada com bilheteria. O contrato com a Odebrecht foi todo mal conduzido e é por si só uma loucura, mas está longe de ser a única no clube, assim como Andrés não é o único culpado pelo caos financeiro da equipe.
Empolgado pelo título no Mundial Interclubes, Mário Gobbi, presidente do Corinthians à época, tentou elevar ainda mais o clube a um nível de destaque mundial e para isso, precisaria de um grande jogador, com destaque futebol europeu e que atraísse marketing, mídia e torcida. A ideia de Gobbi não era descabida, mas sua escolha e valor foram. R$40 milhões por Alexandre Pato, jogador que em sua carreira nunca teve a raça e vontade como principais características e com um largo histórico de contusões. O atacante passava para a torcida uma sensação de descompromisso com o clube e, como não deu certo, foi emprestado para o São Paulo, que enviou Jádson ao Timão. Hoje, o ex Milan tenta a rescisão de contrato com os dois times na justiça, já que tem mais de R$ 6 milhões atrasados à receber.
Pato era um candidato a ídolo e que saiu escorraçado do Parque São Jorge e agora outros jogadores, candidatos e ídolos consolidados, podem seguir o mesmo caminho do atacante. Guerrero foi para o Flamengo com a diretoria tentando pintá-lo como mercenário. O mesmo poderia ter ocorrido com Elias, o volante está no banco de reservas do técnico Tite, tem um dos maiores salários do elenco e só não seguiu para o rubro-negro porque o jogador exigiu uma declaração pública de que não era ele quem queria deixar o Timão, e sim o clube que precisava vendê-lo. Para Ralf e seus empresários, o Corinthians deve mais de R$4 milhões e agora tenta liberar o atleta para outro clube em troca do perdão da dívida.
Adiantamento de cotas de TV, perda da renda com bilheteria, dívidas com atletas e uma Arena de custo bilionário e que sem naming rights previamente definidos, ganha alcunha quase definitiva de "Itaquerão", afastando ainda mais possíveis interessados. O buraco financeiro em que se meteu o clube, só não é maior que o próprio Sport Clube Corinthians Paulista.