quarta-feira, 8 de julho de 2015

7 a 1 foi pouco? Sim!

Guardiola à parte, a trajetória e os corruptos que colocaram Luiz Felipe Scolari à frente da Seleção Brasileira


Confesso que mesmo com o tema tendo sido muito debatido nesses 364 dias, e mais ainda no dia de hoje, tive dificuldades em escrever sobre o ocorrido um ano atrás. É quase inevitável repetir o que já foi dito, mas não pude deixar de manifestar meu sentimento, especialmente após ver as declarações de Daniel Alves no programa Bola da Vez da ESPN.

O atual lateral da seleção brasileira, presente também durante o 7 a 1, afirmou que Guardiola, após a queda de Mano Menezes, manifestou um forte desejo em treinar a Seleção Brasileira, "ele já tinha até o time na cabeça", afirmou o jogador do Barça. Entretanto, o fato não chegou a ser uma novidade absoluta, já que à época o nome de Pep já era especulado em boa parte da imprensa esportiva e eu prefiro dar outro viés a declaração de Daniel Alves.

Segundo Daniel Alves, Guardiola queria assumir a Seleção Brasileira, mas a CBF não o quis

Guardiola de fato revolucionou o futebol, ele, sem dúvidas, comandou um dos melhores times da história e que certamente ficará lembrado por toda uma geração como o melhor que esta já viu jogar. Mesmo assim, Pep poderia não ser o salvador da pátria, já que não teria a oportunidade de convocar Messi ou Iniesta. Veja bem, não estou defendendo a comissão técnica escolhida, pelo contrário, acho que o maior absurdo em toda essa história, é ter entregue o cargo nas mãos de Felipão e ainda mais, permitir que corruptos tomassem essa decisão.

Antes de Scolari, no entanto, Mano Menezes foi demitido em seu melhor momento à frente da Seleção. O time vinha evoluindo, as convocações começavam a ter uma base e os primeiros resultados apareciam dentro de campo, mas a CBF não deu tempo ao treinador. Na minha opinião, Mano Menezes nunca foi um grande técnico, longe disso aliás, já era ultrapassado quando fazia sucesso no Corinthians campeão da Copa do Brasil, nem tanto como agora, é verdade, mas já pecava por sua filosofia de jogo.

Apesar dos defeitos, Mano, ao menos naquele momento, era infinitamente melhor do Luiz Felipe Scolari. O treinador do penta havia deixado o Palmeiras há pouco tempo e já se dizia que a saída poderia estar relacionada a uma possível oportunidade de comandar a amarelinha. O motivo de sua saída é claro, não era somente esse. Depois de ser campeão da Copa do Brasil com o bigode, o Palmeiras passava por maus bocados no campeonato Brasileiro e ainda sob o comando de Felipão, tinha problemas para se distanciar da zona de rebaixamento.

Claro que o treinador tem o mérito de ter conquistado a Copa do Brasil pelo Verdão, mas a forma como isso ocorreu não pode ser ignorada. A tática verde era muito simples e eficiente, chutão da defesa para o ataque e o centro avante arrumava uma falta. Bola parada de Marcos Assunção, ou direto para a cabeça de um dos zagueiros, ou para as redes. O Palmeiras foi campeão jogando por jardas no campo. Nenhuma surpresa, estilo Felipão de jogar e que pouco depois da saída do técnico, culminou no segundo rebaixamento da história do Palmeiras para a Série B. O prêmio? Assumir a Seleção Brasileira.

Felipão deixou o Palmeiras pouco antes de o clube ser rebaixado

Antes porém, o treinador ainda criticou a base do clube, desqualificando a formação dos jovens na equipe e dizendo que não poderia escalar jogadores "que não sabiam chutar com a perna esquerda." Ao mesmo tempo não via problemas em colocar o atacante Luan entre os 11 iniciais em todas as partidas. Pra quem não se lembra, Luan sempre se destacou pela vontade e condição física que lhe permitia ir ao ataque e voltar para ajudar na marcação com muita intensidade. Passes e finalizações? Só com o pé esquerdo do jogador que Felipão exigiu que fosse comprado por R$ 7 milhões e que anos depois, já foi emprestado diversas vezes pelo clube.

É óbvio que o treinador não mudou seu estilo ou convicções ao chegar à Seleção. Convocou o centro avante poste, muitos volantes e colocava o meia criativo da equipe, Oscar, para marcar. Na verdade, durante a Copa do Mundo, Oscar foi o grande marcador brasileiro na competição, sendo responsável pelo maior número de bolas roubadas. Isso sem falar na escalação do fatídico 7 a 1, em que os conselhos de Roque Junior e Alexandre Galo, auxiliares técnicos, foram ignorados e Felipão optou por escalar Bernard ao invés de reforçar o meio de campo com Paulinho, Fernandinho e Luiz Gustavo, por acreditar que o jogador ex Atlético Mineiro podia fazer a diferença na partida, com sua "alegria nas pernas" e jogando em um campo que já estava acostumado, o Mineirão.

Felipão não ouviu conselhos e escalou Bernard no 7 a 1

Bernard não é o maior culpado, Felipão tem sim muita responsabilidade, mas os reais responsáveis são aqueles que optaram pelo decadente treinador. Especialmente, e agora sim, se tivessem alguém como Guardiola como opção, que poderia não revolucionar o futebol jogado pela Seleção como o fez no Barcelona, mas certamente seria e é uma opção anos luz à frente de Scolari.

O futebol brasileiro não parece ter aprendido a lição, já que a estrutura que o comanda de dentro da CBF segue quase igual. Quase sim, pois ao menos Marin não está presente. Está tirando férias,na Suíça, dentro de uma cela. Esperamos que não seja o único. E 7 a 1 foi pouco.