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A situação dos gringos no trio de ferro paulista
A maior parte das equipes brasileiras que disputam a Série A tem em seus elencos pelo menos a presença de um jogador estrangeiro e entre os três grandes clubes da capital paulista não é diferente. Palmeiras, Corinthians e São Paulo tem sul americanos importantes em seu elenco e que estão passando por momentos muito distintos. Confira agora a situação dos gringos no trio de ferro paulista.
Palmeiras
No Palmeiras tem estrangeiros nas mais variadas condições e isso se deve ao alto número de sul americanos no elenco, são 6 no total, já contando com o paraguaio Lucas Barrios. O atacante deve chegar ao clube no início da semana que vem, já que vem de uma sequência de jogo muito extensa, tendo jogado a temporada europeia pelo Montpellier da França e se apresentado logo em seguida à seleção paraguaia para a disputa da Copa América.
O torneio, aliás, aumentou ainda mais a expectativa sobre o paraguaio, justamente por suas atuações. O jogador ficou na seleção da primeira fase do certame e teve um um desempenho de três finalizações e três gols em um total de 143 minutos em campo (somadas as três partidas que participou). Ao mesmo tempo, a Copa América pode significar a saída de um atleta do Verdão, o chileno Valdivia.
O camisa 10 esteve em campo em todos os duelos da seleção chilena e chegou a ser considerado o "homem do jogo" na vitória contra a Bolívia. As boas atuações e o fato de estar saudável e sem problemas físicos geraram revolta nos palmeirenses que o acusam de ter usado o clube como preparação para a Copa América, se poupando dentro de campo e fingindo lesões para não atuar.
Mesmo antes de se juntar à delegação campeã, Valdivia já vinha negociando uma renovação de seu contrato que se encerra em agosto com o Palmeiras. O jogador chegou a utilizar um tom de despedida durante sua ultima partida com a camisa verde, na vitória contra o Corinthians, mas mudou o discurso e disse que poderia renovar o contrato, apesar de ver alguns problemas na forma como o time paga todos os seus novos contratados, por "produtividade".
No entanto, durante o torneio realizado no Chile, o site oficial do Al Wahda, dos Emirados Árabes, chegou a anunciar um acerto com o jogador e disse que o aguardava para assinatura de contrato após a competição. Nesta terça feira (07) porém, o jogador se reapresentou na Academia de Futebol e ainda tem sua situação indefinida no clube.
Por fim, há ainda o quarteto argentino trazido pelo ex técnico Ricardo Gareca, Allione, Mouche, Tobio e Cristaldo. Enquanto os dois primeiros estão se recuperando de contusão, Tobio deve ser emprestado ao Boca Juniors. Após começar a temporada como titular, o zagueiro não vem tendo oportunidades após os seguidos problemas físicos e insatisfeito, deve deixar o clube até o final do ano.
Cristaldo é outro gringo que pode deixar o Verdão
Corinthians
No Timão são apenas dois estrangeiros no elenco, Stiven Mendoza e Ángel Romero, mas o número poderia ser maior. Óscar Romero, irmão gêmeo de Ángel, esteve bem perto de reforçar a equipe, porém o clube desistiu da contratação do jogador justamente por estar decepcionado com as atuações de seu irmão.
Ao final da temporada passada, Óscar se destacou pelo Cerro Porteño, do Paraguai, e de acordo com dirigentes de sua equipe, chegou a ser sondado por equipes da Europa. Entretanto, o meio campista acertou sua ida para o Racing, da Argentina, onde soma 26 jogos com 5 gols e 4 assistências em 2015.
Antes porém, o Corinthians tinha tudo acertado para ficar com o jogador, mas a ineficiência de Ángel, que só anotou um gol em 26 partidas em seu primeiro ano de clube, fez o negócio esfriar de vez. A estreia como titular animou a comissão técnica: Romero marcou um dos gols na vitória por 3 a 0 sobre o Bahia, pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. Esforçado, o paraguaio, que tinha fama de matador no Cerro, deixou boa impressão diante da torcida, mas depois de atuações fracas, não saiu mais do banco de reservas.
Ainda em adaptação, Stiven Mendoza é uma peça importante no elenco do Timão. Jogador tem apenas 23 anos
Já o colombiano Stiven Mendoza foi contratado junto ao desconhecido Chennaiyin FC da fraca Liga Indiana, o que despertou a desconfiança da torcida e imprensa em geral. O contrato de quatro anos e o fato de o clube analisar o jogador via DVD também não diminuiu as críticas, mas aos poucos o jogador vem conquistando seu espaço dentro do grupo de Tite
Com muita velocidade e um potente chute de canhota, o colombiano já esteve entre os titulares algumas vezes nesta temporada e quando fica entre as opões de banco, é frequentemente utilizado por Tite na segunda etapa das partidas.
São Paulo
O Tricolor também conta com dois estrangeiros, Centurión e o único dentre os citados a extrapolar as quatro linhas, o técnico Juan Carlos Osório. Herói do título nacional do Racing em 2014, que não erguia o troféu do Campeonato Argentino há 13 anos, o meia-atacante Centurión custou 4,2 milhões de euros, mas o São Paulo não gastou nem um centavo na transação. O valor gasto com o argentino veio do, até então torcedor, Vinícius Pinotti.
Pinotti é acionista da empresa Natura e costumava frequentar o clube como conselheiro desde a gestão Juvenal Juvêncio. No inicio da temporada, ainda durante o campeonato Paulista, chegou a cornetar e rebater o então técnico Murici Ramalho, que em uma entrevista coletiva, chegou a afirmar que Centurión "era muito tímido e passava por problemas de adaptação", enquanto o empresário respondeu: "Centurion nos dará muitas alegrias. Precisamos de um time melhor em volta dele." Atualmente, Pinotti é diretor de marketing do Tricolor, e assumiu o cargo na metade deste ano, quando Carlos Miguel Aidar a troca na função que costumava ser de Ruy Barbosa.
Já Juan Carlos Osório vem passando por momentos complicados no clube. Como expliquei no texto do dia 4, "Cuidado, é uma cildada - Parte II", o colombiano teve pouco tempo para treinar a equipe e sofre com a saída de jogadores importantes. Ao mesmo tempo, pesa contra ele o fato de o time estar jogando mal e os números mostram que o desempenho da equipe caiu em todos os fundamentos. O aproveitamento dos pontos caiu de 66,7% para 44,5%, o número de gols marcados diminuiu de 1.6 para 0,8 por jogo e o de gols sofridos subiu de 0,83 para 1,17.
Desempenho ruim e desentendimentos com atletas pode pesar para Osório deixar o Tricolor
Se na análise fria das estatísticas Osório não tem ido bem, a relação com diversos jogadores está pior ainda. No empate contra o Fluminense no Morumbi no ultimo domingo (5), as câmeras flagraram Michel Bastos irritado por ter sido substituído e xingando o treinador, "Eu? (saio substituído) Filho da p.. do c....".
Após a partida, Osório relembrou o caso de Valdivia, que durante a Copa América, xingou o técnico da seleção chilena, Jorge Sampaoli, também por ter sido substituído. Na ocasião, o comandante da Roja colocou panos quentes na questão e disse que só o que lhe interessava era "o desempenho de seus atletas em campo".
O próprio Centurión, depois do mesmo jogo no Morumbi, escreveu em sua conta no Twitter que "nem o melhor do mundo consegue entrar para jogar 10 minutos e fazer a diferença", reclamando do fato de estar constantemente no banco de reservas e só entrar ao final dos 90 minutos.
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No geral, a situação dos gringos no trio de ferro paulista está bastante complicada. Com exceção de Barrios que está chegando cercado de muita expectativa e Mendoza que está se adaptando ao futebol brasileiro, os outros sul americanos tem passado momentos difíceis em seus clubes. Valdivia agora sofre com a rejeição de parte da torcida e não sabe se continua no clube, Mouche e Allione estão machucados, Tobio e Cristaldo podem ser negociados, Ángel Romero amarga o banco de reservas e não faz boas atuações, mesma situação de Centurión no São Paulo e Osório já vê seu cargo ameaçado pela pressão interna em virtude do péssimo desempenho do time.
Curiosamente, Guerrero talvez fosse o jogador em melhor fase técnica e que era idolatrado por sua torcida, mas acabou deixando o clube rumo ao Flamengo, depois de não acertar sua renovação contratual. Como acontece diversas vezes no futebol brasileiro, o ídolo do passado agora é o mercenário do presente.
Guerrero deixou o Timão hostilizado pela torcida que o idolatrava