terça-feira, 21 de julho de 2015

A regra é clara, mas a lei não!

A regra é clara, mas a lei não!

O julgamento de Dudu, a relação dos atletas com a arbitragem e a falência da Justiça Desportiva Brasileira


O recurso do Palmeiras no TJD para tentar a redução da pena do atacante Dudu foi negado. A intenção do advogado do clube, André Sica, era de que o caso fosse reenquadrado de agressão para ato hostil, cuja pena é bem mais branda e seria cumprida só no Paulistão de 2016: de um a três jogos de gancho. Entretanto, a defesa palmeirense só conseguiu aumentar ainda mais a punição à Dudu, que passou de 180 dias para 180 dias e mais um jogo, em virtude dos xingamentos proferidos pelo atleta ao juiz da partida Guilherme Ceretta de Lima, na final do Campeonato Paulista.

Independente do veredito, o julgamento só demonstra o quão falida está a justiça desportiva brasileira. Palmeirenses alegam que o caso de Petros, ocorrido no Paulistão do ano passado, é muito semelhante ao de Dudu, se não for mais grave. Já os que defendem a pena máxima ao atacante, afirmam que no lance de Petros, a bola estava em jogo e ele não xingou o árbitro, o que seria um agravante no caso de Dudu. Por fim, vem o Tribunal de Justiça Desportiva, que ao invés de colocar fim à polêmica, só a aumenta.

Dudu, de 1,66m, foi a julgamento pelo empurrão no árbitro Guilherme Ceretta, de 1,92m

O fato de o mesmo existir, já é motivo para polêmica e para gerar a incoerência. O TJD é uma instituição falida, que simplesmente não existe em outras grandes ligas através do mundo, que utilizam-se de exemplos e tabelas para que a pena de um jogador seja definida e não o voto de quase dez relatores que estão mais preocupados se seus nomes aparecerão nos jornais. Se estiverem ao vivo na televisão então, nossa! Cada voto leva uma vida.

Apesar de o problema ser grave, a solução é bastante simples. Bastaria que houvesse um vídeo com 20 lances considerados agressões outro com mais 20 de ato hostil e outro de jogadas desleais e por aí vai... Ou seja, praticou agressão ao árbitro, pena de x dias. Praticou agressão a outro atleta, y dias. Sem discussões, sem apelações e sem incoerências.

Admitindo que isso só poderia ocorrer nos sonhos deste blogueiro que o escreve, ao menos o TJD poderia ter um meio termo em relação as penas. Não é possível que as únicas opções sejam 180 dias, punição extremamente exagerada ou 4 jogos à serem cumpridos apenas na temporada seguinte. É necessário que as penas sejam mais flexíveis, ou específicas quanto a punição que deve ser aplicada.

Essa intransigência parece já estar afetando as relações dentro de campo também. Neste ano, os árbitros receberam a orientação de que é terminantemente proibido qualquer tipo de reclamação ou gestual dos atletas com a equipe de arbitragem. Por vezes, a situação até poderia ser contornada, e o juiz provavelmente tomaria tal atitude, mas caso o faça, irá para a "geladeira" e ficará fora das próximas escalas.

Arbitragem tem sido intransigente neste Campeonato Brasileiro

É bem verdade que nas temporadas passadas, os jogadores também abusavam nas reclamações e excediam os limites do bom senso e da boa convivência, mas não é possível que a comissão de arbitragem (responsável pela orientação aos árbitros) espere que 22 mudos estejam em campo. 22 não, muito mais, já que treinadores e suplentes também não podem abrir a boca.

Por vezes, os jogadores estão irritados, com sangue quente e não podem nem sequer demonstrar insatisfação com seu próprio desempenho ou de seus companheiros, já que correm o risco de ser punido.

Os árbitros também tem sua parcela de culpa. Geuvânio, meia do Santos, foi expulso injustamente no caso do julgamento de Dudu e novamente neste Campeonato Brasileiro, quando recebeu um cartão vermelho por supostamente ter adentrado o campo, após ser retirado para atendimento médico, sem a autorização do árbitro. Dois erros crassos da equipe de arbitragem e que passaram impunemente.

Para Dudu e para o Palmeiras, só lhe restam entrar com um recurso no STJD, entidade máxima da justiça desportiva, e torcer para que os relatores não sejam associados a um clube ou outro - palmeirenses e corinthianos estavam envolvidos -, estejam preocupados em fazer comentários como "Tem gente que se pergunta por que o goleiro pega a bola com a mão e ninguém marca falta, principalmente as mulheres" ou comemorar que "ainda bem que o zagueiro Thiago Heleno deixou o Palmeiras." Tudo pelos 15 minutos de fama.